TRABALHOS DE GEOGRAFIA - PROFESSORA LAURA

* 7º ANOS - TRABALHO SOBRE A AGROPECUÁRIO NO BRASIL;
* 8º ANOS - TRABALHO SOBRE A GLOBALIZAÇÃO E OS BLOCOS ECONÔMICOS;
* 9ª ANOS - TRABALHO SOBRE A "UNIÃO EUROPÉIA (U.E.)
OBSERVAÇÃO:OS TRABALHOS SÃO CIENTÍFICOS, CONFORME AS NORMAS DA ABNT(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS E TÉCNICAS) E, SÃO INDIVÍDUAIS. QUEM QUISER UTILIZAR O COMPUTADOR PODERÁ FAZER: A CAPA, A CONTRACAPA,O ÍNDICE E A INTRODUÇÃO. O DESENVOLVIMENTO E A CONCLUSÃO DEVERÃO SER MANUSCRITOS PELOS ALUNOS.

terça-feira, 16 de março de 2010

Leandro: "Agora já não é possível ter esperança", diz o pai

As buscas pela criança vítima de bullying terminaram ontem sem resultados. A família não vai fazer cerimónias fúnebres. A morte da criança só pode ser declarada daqui a dez anos


As esperanças da família de encontrar Leandro terminaram ontem com o fim das buscas para encontrar o corpo da criança de 12 anos, que se terá atirado ao rio Tua, alegadamente depois de ter sido vítima de bullying. "Agora já não é possível ter esperança" de encontrar o Leandro, disse o pai da criança ao i. A família já não acredita na recuperação do corpo, mas não vai avançar para já com qualquer cerimónia fúnebre. A homenagem: "não vai ser assim tão depressa", diz o pai Armindo Pires.
A aldeia de Cedainhos, Mirandela, onde vive a família, tem vivido à sombra do desaparecmento de Leandro. Ao i uma prima da criança, Márcia Costa, diz que o apoio dos vizinhos tem sido essencial. Sobre todo o caso considera que "a escola é a culpada." E concretiza a revolta da família: "Se o porteiro estivesse lá [na porta da escola], ele não tinha saído."
Ontem, a Protecção Civil deu por terminadas as buscas a meio do dia, 13 dias depois do desaparecimento de Leandro. Ao i, o comandante do Comando Distrital de Operações de Socorro de Bragança (CDOS), Melo Gomes, explica que "infelizmente as buscas não deram resultado", mas garante que "vão continuar as operações de vigilância nas margens do Tua". No terreno, ao longo de uma extensão de 40 km entre Mirandela e a foz do rio, estiveram 125 homens, com a ajuda de meios aéreos e marítimos.
A última esperança das autoridades em encontrar o corpo levou ao encerramento da barragem a montante - a recepção de água da cidade de Mirandela - para que o leito do rio ficasse como no Verão. As águas baixaram por mais de duas horas e meia, mas não foi possível "encontrar vestígios", explica o comandante que diz ainda que "neste momento já nem sabemos o estado em que poderá estar o corpo".
Processos Com a classificação de desaparecido, só daqui a dez anos é que a família de Leandro pode pedir a declaração de morte presumida. O advogado Ricardo Sá Fernandes explica ao i que apesar de todas as evidências levarem a que se pense que Leandro não está vivo, o corpo não foi encontrado. Nesses casos, diz Sá Fernandes, "a lei estabelece que só no prazo de dez anos é que se pode pedir a declaração de morte presumida".
Esta declaração só tem implicações em casos que envolvam heranças. No caso de Leandro, os pais podem agir criminalmente contra a escola "apenas pela responsabilidade civil que levou ao desaparecimento e não pela morte da criança," explica o advogado que tem também em mãos o processo de Rui Pedro, o jovem desaparecido há 12 anos, em Lousada.
A família de Leandro já admitiu avançar com um processo contra a escola Luciano Cordeiro por ter deixado sair a criança em horário lectivo, quando a mãe tinha assinado uma declaração a impedir a saída do aluno do recinto escolar.
Os pais de Leandro podem avançar ainda com um processo contra os alegados agressores da criança. As suspeitas recaem sobre os colegas, que alegadamente exerceram bullying sobre Leandro Pires levando ao desespero da criança, que terá cometido suicídio atirando-se ao rio Tua.
Neste caso, o processo é independente da declaração da morte presumida: "Nada impede que se avance para um processo, se houver uma suspeita de crime", diz Sá Fernandes. "Se há uma ligação com os actos de bullying, os alunos maiores de 16 anos são suspeitos de homicídio e a responsabilidade é criminal", diz. Mas, "caso sejam menores de 16 anos, pode ser imputada aos pais a responsabilidade civil", acrescenta.
Leandro desapareceu no rio Tua no dia 2 de Março depois de fugir da escola Luciano Cordeiro onde terá sido vítima de bullying. Nasceu em Mirandela e vivia no sossego da aldeia de Cedainhos. O caso tem levado os habitantes a rumarem ao Parque de Merendas, o local onde se montou a tenda das operações de resgate.
As raízes do jovem são humildes. O pai, Armindo, desloca-se regularmente ao estrangeiro, para trabalhos em vinhas, na cultura de morangoa ou de maçãs. Após o desaparecimento de Leandro os pais ficaram em choque e receberam assistência hospitalar.
O rapaz de 12 anos ambicionava ser futebolista e gostava de mecânica. O tio Luís Augusto confirmou ao i uma das suas grandes paixões: os motores. "Ele gostava de ser mecânico. Se estivesse com as chaves na mão, já andava bem, não era preciso comer nem nada", conta. Tinha os jogos de computador como um dos hobbies e corria as casas da aldeia em busca de colegas de equipa para jogar futebol. Adepto do Benfica, mantinha uma rivalidade com o irmão gémeo, Márcio, adepto do Sporting. As preferências clubísticas levaram a que, no aniversário das crianças, o bolo fosse dividido entre o verde e o vermelho. Ao i, o vizinho João Nunes recorda uma criança "bastante activa" e que "se dava com toda a gente".
Na escola "batiam-lhe todos os dias", garante Rute Marlene, prima que estuda no 5.o ano na mesma escola (Leandro estava no 6.o). E as agressões seriam gratuitas: "Pensavam que eram os maiores da escola. O meu irmão não fazia nada para provocar. Eles chamavam irmãos mais velhos para virem", explica Márcio, que acusa "Joel, Sara, André, Luís, Francisco Prada e Luís Prada" de maltratarem Leandro.
Em Dezembro de 2008, o jovem foi internado dois dias no Hospital de Mirandela, onde chegou acompanhado da polícia e da família, "sinalizado como vítima de uma agressão por parte de três colegas da escola", segundo confirmou uma fonte do serviço de comunicação do Centro Hospitalar do Nordeste. Em casa, Leandro negava que lhe batiam, mas a família protestou junto da direcção da escola. Outra prima, Márcia, tentava protegê-lo das investidas e lembra-se da resposta do Conselho Executivo: "Eles são pequenos, que se desenrasquem. Disseram que não podiam fazer nada porque eram menores".
A 2 de Março, de manhã, Leandro avisou que se fosse agredido ao almoço se atirava ao Tua. Os primos pensavam que "estava na brincadeira". Mais tarde viram-no a ser agredido e a fugir "enervado" pelo portão. Seguiram-no e tentaram que parasse. "Estou farto desta escola", ouviram-no dizer, antes de se despir e se atirar ao rio.

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